Voltei,de Porto Alegre, com minha "cabeça virada".
Já falei isso para minha amigona Stela, mas tão rapidamente que ela não entendeu.
Vou explicar o sentido cultural, na minha vida, para essa expressão.
Quando criança eu ouvia essa expressão dita pelos mais velhos em situações assim:
Alguém da família ia a um baile, ou viagem, e conhecia uma pessoa "estonteante", um lugar magnifico.
Na volta, essa pessoa anunciava: Estou apaixonado, vou casar! Ou, no caso de viagem para um novo destino: conheci um lugar muito bom para morar!
Os mais velhos só diziam: Voltou de "cabeça virada"..hehehehe
Eu gostava muito de ouvir isso e achava engraçado duas coisas:
saber da possibilidade de ter uma paixão tão repentina, por pessoa ou lugar, que fosse capaz de mudar o eixo da vida!
e, da mesma forma, gostava do pouco caso dos mais velhos que entendiam aquilo como "coisa de cabeça virada", ponto!
Não! Não vou contar que me apaixonei na minha recente viagem para Porto Alegre. Nem mesmo fiquei encantada com o lugar que já conheço há anos. A cidade não é mais novidade!
Conto, sim, um fato maluco e bom!
Pela manhã, antes do meu compromisso, eu saia cedo para "sentir o clima" das pessoas da rua.
Observava tudo! Rotina das padarias, movimento dos "descarregadores de alimento e bebidas" nos restaurantes da Andradas.
Grudava o ouvido nas conversas alheias. Tentava calcular a idade das árvores mais frondosas.
Caminhava da Barros Cassal até a João Manoel, que fica após a Praça da Alfândega, e cumpria o mesmo ritual de olhares.
Foi sempre gratificante. Não usei lotação pela manhã. Só à noite, por questão de segurança, optei pelo transporte coletivo.
Numa dessas manhãs, vi uma imagem que eu não esperava.
Não vi com os olhos que a terra consumirá algum dia.
Eu vi uma imagem de mim mesma e em outros anos para a frente desse que vivemos agora.
Onde eu estava?
Morando em Porto Alegre.
Só pensei: Nossa!
Isso não sai da minha cabeça! Aliás, como diziam meus antepassados, a imagem "virou minha cabeça"!
Eu estava muito feliz na cena que vi! Ambientada na Capital e tal! Escrevi assim apenas para rimar! hehehehe
Depois dessa "visão", já fiquei pensando nos rumos do meu futuro.
Por um detalhe matemático do meu destino, meu filho vai para a faculdade no mesmo tempo em que me aposento.
Ora! Então, não será nada difícil para ele se inscrever num vestibular lá para aqueles lados!
Fiquei tão feliz com essa revelação que não deixei de contar o fato desde aquela manhã.
Eu já tive dois momentos muito significativos com Porto Alegre e em tempos de idade diferente: entre os 15 e 19 anos e, mais tarde, entre os 32 e 37 anos.
Dessas duas experiências, sempre ficou um pergunta no ar:
Porque aquela cidade me atrai tanto?
Sempre quis morar aqui, gosto de Caxias e muito!
No entanto, desde o dia que vi o "filme do futuro", entendi o motivo da "ligação" com aquele lugar.
Viverei outro tempo da minha existência por lá.
Os anos dirão como será esse meu novo caminho!
Só sei de uma coisa:
Entendi perfeitamente o sentido de virar a cabeça que eu ouvia dos mais velhos na minha infância:
È algo muito bom! Virar a cabeça é sacudir a vida, dar um sentido! Fazer planos! Sonhar! Largar tudo!
Virar a cabeça é ter a coragem de FICAR LIVRE!
Para eles, meus antepassados, era algo perigoso! Pois, quem vira a cabeça, vai e é pra já!..hehehehe
O que significava, aos que ficavam, saudade e, no sentido prático, menos mão de obra no campo.
O que significava, aos que partiam, levar as saudades na bagagem, mas desbravar novos lugares e andar com as próprias pernas!
Não é bonito?
Desejo que, de algum modo, todos virem a cabeça algum dia!
Nunca é tarde!
A minha virou depois dos quarenta e isso tem um lado bom:
Dá para esperar o dia certo para seguir em frente!
Beijo e linda semana!
"Vida é palco é platéia, é cadeira vazia..."

Nenhum comentário:
Postar um comentário