Ontem, pela manhã, abri a porta da
casa e fui até o pátio.
Ao perceber que havia sol pensei:
Não poderei sair de casa sem antes deixar umas roupas no varal para que sequem
com esse sol quentinho.
Foi o que fiz, me dirigi até a
máquina de lavar para colocar as roupas já lavadas para enxaguar. Estava agindo
como uma dona de casa responsável.
Entrei em casa novamente e, enquanto
me arrumava para o compromisso do meio dia, ouvia a Rádio Mãe de Deus.
O locutor informou que quem quisesse
ligar para a rádio e fazer um louvor, que o telefone estava a disposição.
Um moça ligou em seguida. Falou que
queria fazer um Louvor ao Senhor pelo Sol que estava maravilhoso.
Disse que, sendo cega, não podia ver
o sol. Mas, deixou bem claro que havia um espaço pequeno próximo da porta da
sua casa onde ela podia sentir
o seu calor e seus raios tocando sua
pele.
Disse que no domingo não iria sair
porque estava sem companhia, mas que estava muito feliz assim mesmo pelo lindo
dia de sol, frisou mais uma vez.
O locutor, ao voltar à sua
fala, emendou louvores a Deus pelas coisas lindas e singelas que a natureza nos
oferece gratuitamente todos os dias.
Fiquei literalmente com vergonha.
Quando eu vi e senti o sol
da manhã eu apenas pensei nele como "uma secadora de roupas".
Não me senti culpada, pois tantos
compromissos do dia a dia nos tornam, sim, certos tipos de robôs que só pensam
nos afazeres.
Mas, vergonha, isso sim, eu senti.
Pois, mesmo tendo todos os sentidos
funcionando, poucas vezes, no ano todo, paro para meditar (ou ver e
sentir) sobre qualquer coisa boa vinda da natureza.
A época nos faz meditar sobre
transformações e mudanças.
Que essa, tão simples, de amar
e louvar por um dia de sol, seja uma mudança planejada para novos
tempos...
Todos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as suas mãos para cultivá-las.








