domingo, 5 de maio de 2013

Buraco no Café

Estou "desmamando" o filho de certas mordomias.
Por exemplo, não fazer mais o chocolate com leite, pela manhã.
Meio sem jeito, lentamente, com um ritual só dele, essa pequena atividade tem dado certo.
Claro que a toalha já foi "batizada" muitas vezes, fica pó de chocolate espalhado com manchas de todo tamanho!
Tudo bem. Preciso me conter para ensiná-lo.
No dia de hoje, um sucesso revelado e anunciado:
Mãeeeeeeeee.....
Vem ver!! Aprendi a mexer o chocolate com o buraco!
Buraco?
Sim, mãe. E eu agora já vou saber fazer isso no café também, como você faz.
Buraco? Que buraco?
Mãe, olha aqui!
Não fica um buraco no meio quando mexe direitinho?
Era só tu que sabia. Agora eu sei também! Êba!
Alguém, que lê isso agora, já imaginou que era legal fazer o buraco no meio do café ou do chocolate?
Eu jamais saberia isso se não tivesse um menino atento por perto.
Mais que isso.
Um criança observando tudo do mundo, nos relatando, perguntando, nos acorda da distração que os problemas nos trazem.
Eu, hoje, acordei cansada, tive pesadelos na noite anterior. A segunda-feira estava um pouco devagar.
Aí, do nada, fico sabendo o quanto é maravilhoso fazer buracos no líquido da xícara!
Entendi de uma vez por todas!
Ou acorda e vê  a vida com "olhos de criança" ou vai perder outros grandes (pequenos) espetáculos do dia a dia.
Entrei na escola do menino que vê a beleza "em todos os cantos".
E conto!



A TV ligada.
O Manuel ligado!
Que novidade...hehehehe
Crianças, já sabemos, conseguem "se ligar" em muitos assuntos ao mesmo tempo.
Primeiro, elogios para uma farofinha de frango, que inventei.
Depois, o olhar na propaganda da TV, que falava do Criança Esperança.
E lá veio a perguntinha:
Mãe, tem adulto esperança também?
Não.
Mãe, e em outras cidades? Tem algum adulto esperança?
Fiquei sem saída. O papo ficou sério.
Respondi que achava que sim. A conversa era tão filosófica que simplifiquei.
Mas, fui além.
Você acha que deve ter adulto esperança também?
Mãe, se não tem aqui na nossa cidade, tudo bem. 
Mas, se tem Criança Esperança, não acharia melhor se em todo lugar tivesse Adulto Esperança também?
Acho, claro que acho!!

Estão vendo?
Deveríamos planejar o mundo com as idéias de uma criança...hehehehe
Até para fazer propagandas.
Daria um resultado melhor!

Boa Noite !

P.S. Mando essa para a Globo!
Nunca fui a Paris. Esse nunca, porém, é apenas uma vírgula! Não fui pessoalmente, mas estive lá nessa semana.
Primeiro com as leituras do relato de viagem da minha amiga Linéia. Fiquei fascinada com a forma que ela acrescenta fatos históricos na narrativa do passeio, feito por ela e seu amado esposo.Amei a história do Castelo de Chenonceau, que Henrique II deu de presente para a amante Diane, que gostava de Jardins! 
"em 1547Henrique II ofereceu o palácio como presente à sua amante, Diane de Poitiers, a qual se tornou ardentemente ligada ao château e às suas vistas em conjunto com o rio. Ela haveria de mandar construir a ponte arcada, juntando o palácio à margem oposta. Supervisionou, então, a plantação de extensos jardins de flores e de vegetais, juntamente com uma variedade de árvores de fruto. Dispostos ao longo do rio, mas protegidos das inundações por terraços de pedra, os refinados jardins foram estabelecidos em quatro triângulos."
Não sou de ter amantes, mas me identifiquei com a Diane! Eu adoro jardins!
E o encontro com Paris continuou no sábado e no domingo.
Eu tinha um livro para ler: A Décima Segunda Noite, do Luís Fernando Veríssimo.
"A décima segunda noite' é um livro inspirado na peça 'Noite de reis', uma comédia de Shakespeare. No texto original, o duque Orsino está caído de amores pela condessa Olívia, de luto pela morte do irmão. Até que uma jovem, que se passa de homem para trabalhar na Corte, vira o mensageiro do duque, e daí começa a espiral de mal entendidos - Olívia acaba se apaixonando por ele, que na verdade é ela, que no fundo está obcecada por Orsino, o bandido fidalgo."
No entanto, no livro do Veríssimo, a história se passa em Paris e com boa parte dos personagens brasileiros.
Quem narra a história é um papagaio que decora um salão de beleza como "parte da decoração" inspirada no Brasil.
A Olívia é uma brasileira rica que mora parte do tempo em Paris e está de luto pela morte de um irmão.
Violeta, a moça que se passa por homem, é uma brasileira que se perdeu do irmão gêmeo no aeroporto Charles de Gaulle. 
Os amigos de Violeta são brasileiros pobres com vidas de tramas interessantes!
Violeta, vestida de homem, se torna confidente do dono do Salão, que é apaixonado pela nobre Olívia.
Violeta vira mensageiro do patrão. Olívia se apaixona por Violeta achando que ela é ele.
Tudo vai se esclarecer, com comédia ou tragédia, na Décima Segunda Noite!
Que, para os costumes franceses, é o dia de Reis.
Não vou contar a história.
Mas, a narração feita por um papagaio muito engraçado e a maluquice dos brasileiros na trama, são de se encantar ou se divertir.
Esse livro me salvou de um fim de semana cinzento sem nada especial na programação.
Por páginas de um bom escritor, dei uma voltinha em Paris!
Fica a dica!

Mãos Dadas



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Eu seguro a mão do meu filho e converso sobre coisas que vejo pelo caminho.
Uma formiga, uma árvore que é do tamanho dele, outra que é mais do meu tamanho, um trator parado na frente da oficina e louco pela lida no campo, um gato preso atrás da grade de uma janela, um carro velho estacionado ao lado de um lindo ipê roxo.
Somos, eu e ele, personagens nesse mundo novo que nos foi apresentado num Divino momento: a condição de mãe e filho.
Segurar sua mão parece pouco para mim, e é bem pouco.
Muitas vezes já olhei para aqueles dedinhos, mergulhados na minha mão, e imaginei que um dia serão os dedos da mão de um homem do mundo.
Sei que não restará a imagem do que somos hoje, filho e mãe de mãos dadas pelas calçadas da cidade.
Sei, no entanto, que nosso coração sempre terá o calor e o aconchego dos dias remotos dessa sua infância breve.